Qualificação profissional

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Zootecnista pela Universidade de São Paulo com Especialização em Melhoramento Genético Animal na França. Carreira profissional na Gestão Executiva de empresas nacionais e multinacionais do Setor de Genética Animal - Alta Genetics do Brasil, Sersia Brasil Inseminação Artificial, Yakult S/A Indústria e Comércio, Sete Estrelas Embriões, Fundação Bradesco - PECPLAN e Banco de Crédito Nacional - BCN Agropastoril. Na foto, um dos importantes títulos recebidos ao longo de uma carreira profissional de 27 anos de serviços prestados a pecuária de corte tropical, "Prêmio Nelore de Ouro - Personalidade Empresarial do ano".

sexta-feira, 22 de abril de 2011

OS DESAFIOS DA NOSSA PECUÁRIA


Apesar do destaque do setor de carnes brasileiro ter ficado para a produção de frango, que foi a sensação de 2010 e promete repetir a boa fase neste ano superando a China na produção de aves, a produção de carne bovina atravessou excelente fase, atingindo a marca histórica de R$ 117 por arroba, valorização anual de preço superior a 40%, fortalecimento do mercado interno e recuperação de mercado externo. Todas as perspectivas são positivas para o setor, tanto pela sinalização de preços firmes ao longo do ano identificadas pelas cotações na Bovespa superiores a 100 Reais até o segundo semestre, quanto pelas projeções de crescimento das exportações em 25% ou 2 milhões de toneladas com a retomada das compras pela União Européia após embargo ao sistema de rastreabilidade nacional causado pela incompetência do governo brasileiro e o desenvolvimento dos mercados da Rússia, China e Oriente médio, quanto no crescimento constante do mercado de consumidor interno, onde atualmente cerca de 80% da produção brasileira de carne(8 milhões de toneladas) tem destino a mesa dos brasileiros. E neste ambiente pode-se prever um maior investimento em tecnologia e intensificação dos sistemas de produção, com reflexo no aumento da produção em relação a 2010. Indicadores importantes nos fazem acreditar que estamos iniciando uma fase promissora para a nossa agropecuária, com a manutenção da valorização das commodities, onde comércio de grãos com altas cotações em 2010 deve continuar aquecido em 2011, em função dos baixos estoques mundiais e da tendência de elevação no consumo das famílias. E o Brasil não será somente favorecido pela conjuntura internacional, o país poderá ser o protagonista do aumento da produção de alimentos no mundo, baseado em um levantamento realizado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que aponta que a produção de alimentos terá de crescer 20% nos próximos dez anos a fim de atender à demanda mundial. Nesse panorama, a União Européia vai contribuir com um aumento de 4%; a Austrália com 7%; os Estados Unidos e o Canadá com 15%; a Rússia e a China com 26%; e o Brasil com 40%. O que vale dizer que teremos de avançar o dobro do crescimento mundial, o que implica numa expectativa muito grande sobre nossa produção, em função da disponibilidade de terras e de nossa competitividade. No médio e longo prazo a atividade de produção de carne no Brasil se projeta em franca expansão, visto que a melhoria no poder de compra da população dos países emergentes não será interrompida, e os concorrentes do Brasil não têm disponibilidade de oferta. Assim, a pecuária na busca da adequação às novas demandas vem constituindo-se, cada vez mais, numa atividade empresarial. E como tal, tem que procurar desenvolver de forma coesa e uniforme toda a cadeia produtiva da carne e, em especial, o sistema de produção. Nesse novo cenário a pecuária tem de garantir o fornecimento contínuo, ao longo do ano, de produtos de boa qualidade, e ser capaz ainda, de se constituir em um setor de alta produtividade e competitivo. No entanto, a consolidação do setor de produção de carne no Brasil carece de estruturação e uma política forte de desenvolvimento, pois apesar do cenário otimista para o ano, faz-se urgente uma reforma do atual modelo da política agrícola do país, pois o produtor brasileiro não pode continuar arcando sozinho com a responsabilidade do abastecimento do país. Este desenvolvimento virá por meio de uma política de renda ao produtor, um plano de investimento em logística de distribuição, uma política de apoio a aplicação de tecnologia, numa política agressiva no comércio exterior, num sistema de defesa sanitária rígido executado com seriedade e responsabilidade e na modernização da legislação com uma revisão ampla do aparato legal sobre o campo, que inclua as discussões sobre o direito de propriedade, questões trabalhistas e ambientais. Outro ponto que merece destaque é o ambiente, pois a despreocupação com os recursos naturais no desenvolvimento dessa atividade possibilitou, e ainda possibilita o desequilíbrio biológico com conseqüências desastrosas para o meio ambiente e para a própria atividade. O manejo inadequado e a mentalidade extrativista que controlavam, e em parte ainda controlam, a atividade produziram como resultado grandes áreas degradadas ou em franco processo de degradação. É urgente que se reverta esse processo tanto para recuperar os milhões de hectares de pastagens degradadas, quanto para possibilitar que centenas de propriedades permaneçam na atividade. As pastagens podem produzir grandes quantidades de matéria seca digestível por área se forem tratadas como culturas e manejadas corretamente. O adiamento da votação do novo Código Florestal para este ano, aumenta o quadro de insegurança jurídica entre os produtores, pois a grande maioria dos produtores continua em situação irregular. O Brasil consegue superar problemas como a precariedade da infra-estrutura e o protecionismo europeu, mas vive esse impasse na questão ambiental, o que revela a superficialidade da abordagem do tema e a ausência de ações governamentais concretas, pois o agronegócio brasileiro é um dos mais sustentáveis do mundo, com os maiores índices de produtividade agrícola, maior integração lavoura-pecuária, maior plantio direto e maior reserva ambiental. E outro ponto importantíssimo a observar diz respeito à valorização do melhoramento genético aplicado ao rebanho de corte de forma intensa em larga escala, como ferramenta de maximização da produção e rentabilidade, pelo impacto direto causado na produção e sua elevada taxa de retorno financeiro, quando comparado a outros investimentos voltados ao aumento de produção. Outro efeito cumulativo importante do melhoramento do rebanho é o desenvolvimento de grupamentos genéticos especializados aos nossos sistemas de produção, capazes de transformar forragem em carne de qualidade de forma eficiente, econômica e de qualidade. O desafio maior de todos nós é o de oferecer padrão de qualidade para sustentar a nova realidade de demanda e características do mercado. Neste sentido, a produção de qualidade passa a ser prioridade máxima da demanda da indústria, e a uniformidade o ponto chave para os ganhos econômicos consistentes para o pecuarista. E a maneira mais rápida e eficiente de se obter a uniformidade é sem dúvida nenhuma a aplicação de um programa de melhoramento genético. Mais um desafio a ser enfrentado por todos os selecionadores de genética especializada em produção de carne, em se manterem cada vez mais conectados com os produtores de base e a indústria de transformação, movimentando assim toda a cadeia de forma sustentável em todos os níveis de produção distribuindo valores em todos os segmentos, gerando riquezas para a população, preservando o meio ambiente, atuando com responsabilidade social, tratando do bem estar animal e fortalecendo o agribusiness de nosso país, mas principalmente valorizando a atividade de produtor rural brasileiro, nosso verdadeiro herói!

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